Pastor diz que Existe abuso
espiritual? e mostra sete formas usadas por líderes
Ronald M. Enroth, pastor americano, resolveu
acompanhar algumas pessoas que se desligaram da Jesus People USA, um grupo
religioso dos Estados Unidos, e coletou informações sobre como os pastores
faziam pressão psicológica para impedir que o povo deixassem sua congregação.
As atitudes usadas por eles foram marcadas como
“abuso espiritual” e foram relatadas em um livro assinado por Ronald que também
é sociólogo de religião. Apesar de ser uma pesquisa realizada nos Estados
Unidos percebem que muitas dessas atitudes são aplicadas nas igrejas
brasileiras para impedir que os membros se desliguem e partam para outros
ministérios.
O pastor Enrolth listou no livro “Churches That
Abuse”, lançado em 1991, sete formas de abuso espiritual praticado por igrejas
evangélicas. Entre elas a distorção da Palavra, a criação de uma liderança
autocrática, o sentimento de superioridade em relação ao outros grupos
religiosos e o elitismo espiritual.
O pastor Serol, da Igreja Batista da Palavra Viva
resumiu As Sete Regas do Abuso Espiritual em seu blog.
Confira:
1) Scripture Twisting (Distorção da Escritura):
para defender os abusos usam de doutrinas do tipo “cobertura espiritual”,
distorcem o sentido bíblico da autoridade e submissão, etc. Encontram
justificativas para qualquer coisa. Estes grupos geralmente são
fundamentalistas e superficiais em seu conhecimento bíblico. O que o líder
ensina é aceito sem muito questionamento e nem é verificado nas Escrituras se
as coisas são mesmo assim, ao contrario do bom exemplo dos bereanos que
examinavam tudo o que Paulo lhes dizia.
2) Autocratic Leadership (liderança autocrática):
discordar do líder é discordar de Deus. É pregado que devemos obedecer ao
discipulador, mesmo que este esteja errado. Um dos “homens de Deus” de uma
igreja diz que se jogaria na frente de um trem caso o “Líder” ordenasse, pois
Deus faria um milagre para salvá-lo ou a hora dele tinha chegado. A hierarquia
é em forma de pirâmide (às vezes citam o salmo 133 como base), e geralmente
bastante rígida. Em muitos casos não é permitido chamar alguém com cargo
importante pelo nome, (seria uma desonra) mas sim pelo cargo que ocupa, como
por exemplo “pastor Fulano”, “bispo X”, “apostolo Y”, etc. Alguns afirmam crer
em “teocracia” e se inspiram nos líderes do Antigo Testamento. Dizem que
democracia é do demônio, até no nome.
3) Isolationism (Isolacionismo): o grupo possui um
sentimento de superioridade. Acredita que possui a melhor revelação de Deus, a
melhor visão, a melhor estratégia. Eu percebi que a relação com outros
ministérios se da com o objetivo de divulgar a marca (nome da denominação),
para levar avivamento para os outros ou para arranjar publico para eventos. O
relacionamento com outros ministérios é desencorajado quando não proibido. Em
alguns grupos no louvor são tocadas apenas músicas do próprio ministério.
4) Spiritual Elitism (Elitismo espiritual): é
passada a idéia de que quanto maior o nível que uma pessoa se encontra na
hierarquia da denominação, mais esta pessoa é espiritual, tem maior intimidade
com Deus, conhece mais a Biblia, e até que possui mais poder espiritual
(unção). Isso leva à busca por cargos. Quem esta em maior nível pode mandar nos
que estão abaixo. Em algumas igrejas o número de discipulos ou de células é
indicativo de espiritualidade. Em algumas igrejas existem camisetas para
diferenciar aqueles que são discípulos do pastor. Quanto maior o serviço
demonstrado à denominação, ou quanto maior a bajulação, mais rápida é a subida
na hierarquia.
5) Regimentation of Life (controle da vida): quando
os líderes, especialmente em grupos com discipulado, se metem em áreas
particulares da vida das pessoas. Controlam com quem podem namorar, se podem ou
não ir para a praia, se devem ou não se mudar, roupas que podem vestir, etc. É
controlada inclusive a presença nos cultos. Faltar em algum evento pro motivos
profissionais ou familiares é um pecado grave. Um pastor, discípulo direto do
líder de uma denominação, chegou a oferecer atestados médicos falsos para que
as pessoas pudessem participar de um evento, e meu amigo perdeu o emprego por
discordar dessa imoralidade.
6) Disallowance of Dissent (rejeição de
discordâncias): não existe espaço para o debate teológico. A interpretação
seguida é a dos lideres. É praticamente a doutrina da infalibilidade papal. Qualquer
critica é sinônimo de rebeldia, insubmissão, etc. Este é considerado um dos
pecados mais graves. Outros pecados morais não recebem tal tratamento. Eu mesmo
precisei ouvir xingamentos por mais de duas horas por discordar de
posicionamentos políticos da denominação na qual congregava. Quem pensa
diferente é convidado a se retirar. As denominações publicam as posições
oficiais, que são consideradas, obviamente, as mais fiéis ao original. Os
dogmas são sagrados.
7) Traumatic Departure (saída traumática): quem se
desliga de um grupo destes geralmente sofre com acusações de rebeldia, de falta
de visão, egoismo, preguiça, comodismo, etc. Os que permanecem no grupo são
instruídos a evitar influências dos rebeldes, que são desmoralizados. Os
desligamentos são tratados como uma limpeza que Deus fez, para provar quem é
fiel ao sistema. Não compreendem como alguém pode decidir se desligar de algo
que consideram ser visão de Deus. Assim, se desligar de um grupo destes é
equivalente a se rebelar contra o chamado de Deus. Muitas vezes relacionamentos
são cortados e até familias são prejudicadas apenas pelo fato de alguém não
querer mais fazer parte do mesmo grupo ditatorial.
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